Trilhos de contenção podem reduzir os danos de colisões laterais em passagens de nível
Segundo o Conselho Australiano de Transportes, a Austrália registra anualmente 100 acidentes entre carros e trens em passagens de nível. Esses acidentes geram, anualmente, em média danos de 32 milhões de dólares e 37 vítimas fatais. Esses números também existem na Europa e, assim, torna-se evidente que é um problema internacional e que, desta forma, necessita atenção. As passagens de nível são locais de risco, visto que os acidentes são frequentes e, normalmente, geram muitos danos, tanto financeiros como humanos. Além disso, há um agravante que pode ocorrer, principalmente em colisões laterais entre os veículos, os descarrilamentos. Para evitar este tipo de acidente, investe-se com ênfase na tentativa de mudar o comportamento dos motoristas no relacionado à sinalização, leis de trânsito e outras tecnologias. Porém, há uma área pouco explorada para esta aplicação e que possui um grande potencial, isto é, investir em novas concepções de infra-estrutura ferroviária. Pensando nisso, os pesquisadores da Escola de Engenharia Civil e Construção Ambiental juntamente com o Centro de Engenharia Ferroviária, ambos da Universidade de Tecnologia de Queensland, Austrália, analisaram e inovaram na utilização de trilhos de contenção na via permanente em passagens de nível.
Os trilhos de contenção são frequentemente utilizados na via permanente em locais de curvas fechadas, locais passíveis a terremotos e locais com avalanches frequentes. O objetivo destes equipamentos é evitar que a flange da roda escape da linha férrea devido a estas incitações e, assim, reduzir as chances de um descarrilamento. Há diversos formatos e configurações de trilhos de contenção que podem ser adotados de acordo com a aplicação, como por exemplo os trilhos montados verticalmente ou horizontalmente ao longo da via. Para a nova aplicação, os pesquisadores australianos escolheram a configuração flangeway witdh, mais comum em curvas fechadas.
Por se tratar de analisar uma colisão entre um trem e um veículo rodoviário pesado, os testes práticos são muito custosos, desta forma, realizou-se uma modelagem e simulação numérica do fenômeno para conseguir os resultados. Com base na teoria de colisões entre corpos, esta modelagem consiste basicamente em 4 passos: (1) modelo dinâmico dos trilhos, (2) modelo dinâmico do trem, (3) modelo interação roda-trilho, (4) modelo colisão caminhão-trem. Feito isso, simulou-se colisões com os trilhos de contenção e colisões sem a instalação destes equipamentos na via permanente.
Por fim, a análise dos resultados mostrou que a utilização de trilhos de contenção reduz o potencial de descarrilamento de trens causados por uma colisão lateral com um caminhão em passagens de nível. Além disso, conseguiu-se obter os parâmetros que afetam na eficiência dos equipamentos, que são: geometria, altura de instalação, propriedades do material utilizado, condições de apoio e o coeficiente de atrito. Desta forma, é preciso considerar cada uma destas informações para projetar os equipamentos e, assim, reduzir os danos causados pelos acidentes.
Para mais informações, acesse:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0020740316300327